LOTERIAS DA CAIXA

Não sei se em virtude de viver em um país onde surgem novos escândalos a cada dia, onde governadores conseguem parar na cadeia, mesmo com a blindagem da imunidade política, onde o mensalão é banalizado com o prêmio da reeleição dos envolvidos, onde financiamento de campanhas imorais não merecem ser punidos pois são legais, enfim por todos esses e tantos outros motivos fico me perguntando, com o que devo me preocupar no momento em que, incauto vou a uma lotérica fazer uma ingênua aposta na sena?

Devo me preocupar com a idoneidade da funcionária da lotérica, que assistindo ao show de prêmios propagados pela Caixa Ferderal e com seu poder de compra limitado aos seus fantásticos R$ 600,00 ou R$ 800,00, possa se inspirar em um parlamentar ou político qualquer e resolver fazer um "caixa 2" baseado no princípio lotérico, isso lotérico, o princípio da probabilidade, onde imaginou a infeliz, que o raio não cairia jamais em sua cabeça?

Devo eu me preocupar com a capacidade de controle do proprietário da Lotérica sobre seus processos internos? Onde imaginava-se que diante da responsabilidade da contrapartida da aposta, seria impossível ter um furo no sistema.

Na verdade o que mais me incomoda nesse momento é pensar na hipótese:
ESTE JOGO, SE REGISTRADO PELA FUNCIONÁRIA DA LOTÉRICA, TERÍAMOS UM BILHETE GANHADOR OU O PRÊMIO TERIA, MESMO ASSIM, ACUMULADO?

Acho absolutamente fantástico que em um universo de mais de 10.000 lotéricas em todo território nacional, com um volume impressionante de apostadores e cifras envolvidas, um único furo, em uma determinada lotérica, tenha um bilhete que não registrado...seja o famigerado vencedor de um prêmio vultuoso.

Só do final de 2009 para cá tivemos inumeros "prêmios acumulados", um ganhador lá em Sumiço do Norte outro em Brasilia, um ganhador em Faz de Conta do Sul outro sabemos lá! Para completar a desconfiança, por motivos óbvios a Caixa, sabiamente, preserva a identidade dos ganhadores, não sei mas tem ingredientes de golpe perfeito.

Bom, como diz a CAIXA em sua campanha: "Para a sorte todo mundo é igual", o que esqueceram de esclarecer é se para as apostas da Caixa todo mundo é igual.

Finalizando, neste dilema faço questão de salientar que não aposto, não aposto por princípios, não aposto por desconfiança, não aposto por não conhecer nem se quer,  quem conheça um ganhador de algo significativo nessas apostas, e por ter a convicção de que no Brasil, país onde o jogo de azar é ilegal, não vejo maior azar do que ter o monopólio da jogatina nas mãos de quem deveria preservar os parcos recursos de seu povo que mingua.

Ah, antes que esqueça, se conseguir a identidade dos ganhadores é tão improvável ou impossível, posso adiantar que a dos perdedores eu já tenho: A nação.